20 DE NOVEMBRO: DIA DE LUTA CONTRA A OPRESSÃO, A EXPLORAÇÃO E A MORTE QUE ATINGEM O POVO NEGRO

O dia 20 de novembro é um marco na luta contra a opressão, a exploração e a violência que atingem homens e mulheres negras — e seus filhos — diariamente no Brasil e no mundo. A classe trabalhadora como um todo é alvo dessa ofensiva, mas é sobre a população negra que a violência do Estado e a exploração capitalista recaem de forma mais intensa.
O capitalismo se aproveita do racismo para aprofundar os ataques ao conjunto da classe trabalhadora. Por isso, a luta contra o racismo só pode avançar se estiver articulada com a luta geral da classe trabalhadora, pois somente ela tem força para enfrentar a minoria que concentra a riqueza produzida por quem trabalha.
Negros e negras ainda são os que mais sofrem com a exploração: recebem os menores salários, ocupam os postos mais precarizados e enfrentam maiores restrições de direitos. Ao mesmo tempo em que utiliza de maneira intensa a força de trabalho negra para ampliar a exploração, o capitalismo — de forma hipócrita — emprega seus meios de comunicação e propaganda para se apresentar como defensor de “oportunidades” e da diversidade. Todos os anos, grandes corporações investem em campanhas que se dizem antirracistas, antimachistas e contra a LGBTfobia, mas que na prática funcionam como instrumentos de ocultação. Servem para esconder que o racismo e outras opressões são ferramentas essenciais para manter e aprofundar a exploração capitalista.
Paralelamente ao enfraquecimento das garantias sociais, observa-se o fortalecimento do aparato repressivo do Estado. Polícia, guarda municipal e outras forças de controle atuam constantemente nas periferias, evidenciando que a redução do Estado ocorre apenas no campo dos direitos — nunca no da repressão.
Esse cenário se torna ainda mais evidente quando comparamos diferentes territórios. O episódio ocorrido em janeiro, marcado por um massacre que resultou em 121 mortes, demonstra isso. Quando a ação policial acontece em regiões como a Faria Lima, qualquer dano gera enorme repercussão e afeta diretamente o setor financeiro. Já nas periferias, o resultado costuma ser execuções sumárias, sobretudo contra a população negra. Essa desigualdade no tratamento estatal revela a seletividade da repressão.
A lógica do Estado mínimo, presente na reforma administrativa, reduz ainda mais a capacidade do Estado de assegurar direitos básicos. Seria fundamental considerar dados relativos às pessoas atendidas pelos fundos segurados, como os vinculados ao DPC e ao DNSS, incluindo o segurado especial rural. Grande parte desses trabalhadores — em maioria negros e inseridos na informalidade — depende diretamente dessas proteções. Na saúde, a terceirização avança em ritmo acelerado, afastando trabalhadores de seus locais de trabalho e os deixando à mercê de Organizações Sociais e fundações privatistas.
Todos esses elementos se somam aos escândalos envolvendo a alta administração do INSS e práticas de criminalidade de colarinho branco. Ficou evidente que os principais responsáveis por fraudes, como aquelas ligadas ao Banco Master e aos esquemas de pensões no Rio de Janeiro, ocupavam posições estratégicas. Enquanto crimes dessa natureza se desenvolvem dentro das estruturas de poder, a periferia segue sendo alvo de ações violentas e letais. A comparação reforça quem realmente sofre a repressão estatal.
É por isso que o concurso público desempenha um papel essencial como mecanismo democrático de ingresso no serviço público. Contudo, a reforma administrativa — ao ampliar processos seletivos simplificados, contratações temporárias e cargos de livre indicação — fragiliza esse instrumento e ameaça políticas fundamentais, como as cotas raciais. Sem essas políticas, a população negra fica ainda mais exposta a práticas discriminatórias e à reprodução das desigualdades históricas.
Neste 20 de novembro, Dia Nacional de Zumbi, Dandara, Marielle, Maris e da Consciência Negra, nós da Fenasps e seus Sindicatos filiados reafirmamos que a luta contra o racismo — que fere e mata — não avançará se estiver separada das lutas gerais da classe trabalhadora.
Lutar pela vida e pelos direitos dos negros e negras da nossa classe é um passo fundamental para as transformações sociais que queremos construir!