As mulheres são vanguarda na luta por recomposição salarial e valorização no Serviço Público
Os(as) Servidores(as) Públicos(as) Federais estão há, pelo menos, cinco anos sem nenhuma recomposição salarial. São mães e pais de família que estão vendo seus salários sendo corroídos pela inflação: só nos últimos três anos, as perdas acumulam 19,99%.
Neste contexto, torna-se imprescindível estimar o afinco e o empenho das lutadoras em mais um Dia Internacional da Mulher que se apresenta, nesta terça-feira, 8 de Março. As mulheres representam 55% de toda a força de trabalho no Serviço Público. Na Saúde, o setor mais atingido pela pandemia de Covid-19, a diferença é ainda maior: 70% da mão de obra são compostos por profissionais do sexo feminino, como indica um estudo da Fiocruz.
Portanto, as mulheres são maioria na linha de frente contra a Covid-19, como também é nos balcões das Agências da Previdência Social (APS) e centrais de análise no INSS. Porém, a evidente superioridade numérica esconde o fato de que apenas pouco mais de 40% dos cargos de direção são ocupados por elas. É mais uma marca do machismo e do patriarcalismo na nossa sociedade.
Reformas acentuam disparidade de gênero
Ainda que tenha sido derrotada em 2021, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 32, a chamada ‘Reforma Administrativa’, ainda está em tramitação no Congresso Nacional. Esta medida é extremamente danosa para o Serviço Público como um todo, mas ainda mais cruel com as trabalhadoras.
Os homens, atualmente, são maioria nos cargos de direção e escolhem outros homens para ocupar os cargos de direção, num círculo vicioso. Com a PEC 32, haverá menos concursos públicos e mais cargos comissionados e por indicação, dificultando a possibilidade de ascensão na carreira por parte das servidoras.
Ainda, os postos de saúde, serviços de proteção contra a violência como delegacias da mulher, casas-abrigo, além de escolas, creches dentre outros serviços públicos poderão ser terceirizados, ou simplesmente deixar de existir, caso a PEC 32 seja aprovada. A maioria da população que precisa desses serviços é composta por mulheres, em especial que estão em vulnerabilidade social, como as negras, indígenas e transsexuais.
A luta por jornada não pode ser relegada
Nos dois últimos anos, com a pandemia tornou explícito e flagrante que as mulheres são mais impactadas com duplas e triplas jornadas, mesmo em um momento em que os homens estão mais em casa devido ao teletrabalho forçado pelo isolamento social.
O que se tornou rotina, não deveria ser! O que é tido como uma tarefa “natural” a uma mulher, na verdade é socialmente construído e imposto. Não deve ser aceito o acúmulo de funções, dentro e fora das casas, como uma glória – e ao mesmo tempo um heroísmo ingrato – e sim debatê-lo.
Não pode ser aceitável ser mulher e ser penalizada por isso, com jornadas árduas e sem o menor reconhecimento: a luta pela jornada de trabalho não pode ser relegada. Ela deve fazer parte dos debates sobre melhores condições de trabalho a todo o momento, seja nos ministérios da Saúde e do Trabalho e Previdência, seja no INSS, seja na Anvisa.
As mulheres são maioria no Seguro e na Seguridade Social, e é contando com essa força feminina que podemos buscar a energia necessária para a mobilização de toda a categoria em busca de recomposição salarial e valorização profissional.
Assista abaixo ao vídeo produzido pela Assessoria de Imprensa da federação em parceria com a Secretaria de Gênero, Raça e Classe da Fenasps. As mulheres do Seguro e da Seguridade Social dão o recado!
Chega de machismo e metas abusivas e exaustivas!
Queremos jornada de 30 horas semanais e recomposição salarial de 19,99%!
As mulheres estão na vanguarda desta luta!