25 de julho é dia de saudar a luta da Mulher Negra Latino-americana! Viva Tereza de Benguela!
Na Baixada Fluminense, um mural de heroínas negras é vandalizado. Em Unaí/MG, uma funcionária de uma loja de roupas lê mensagem na qual cliente diz que “odeia negros”. Em Goiânia, um comentarista de futebol chama um cabelo black power de “negócio imundo”.
Os três casos acima aconteceram apenas na última semana, no país. A desigualdade social no Brasil tem cor, e gênero. Oitava pior nação no ranking de desigualdade de renda, segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado em dezembro passado, o Brasil viu suas mazelas raciais e sexuais serem expostas diante de toda a sociedade com desde o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020.
Embora os sistemas de informação do SUS careçam de dados sobre a letalidade do novo coronavírus de acordo com a raça/cor da pele, o racismo institucional é determinante para que negras e negros morram mais, seja por violência, seja por falta de acesso à saúde. Pesquisas do Ipea apontam que políticas públicas são implementadas mais por “ativismo burocrático” do que por iniciativas amplas.
Isto é, além de enfrentar atualmente a violência policial – cujo principal objetivo é aplicar uma verdadeira limpeza étnica – e um governo genocida, que por meio de sua necropolítica já matou quase 550 mil pessoas diante de uma tragédia evitável, a população negra ainda sofre com o avanço lento, quando existe, de políticas que consigam dirimir o abismo racial e de gênero quando se trata de acesso a serviços básicos como saúde, educação, saneamento básico e moradia digna.
Por isso, a organização para enfrentar e lutar envolvendo todas nós se faz necessária! No setor Público e principalmente na base da FENASPS, as mulheres são maioria, seja na Saúde (principalmente na linha de frente do combate à pandemia) e Previdência, seja no INSS. A luta é a ferramenta fundamental para que coletivamente possamos derrotar as desigualdades de raça, gênero e classe, inerentes a este sistema econômico excludente em que o país está inserido. Piora este cenário a chamada “reforma administrativa” (PEC 32), que prevê ainda o fim do concursos públicos, terceirizações e perda de direitos – incentivando apadrinhamentos no que restar.
Tereza de Benguela e Marielle: símbolos de luta
O dia 25 de julho, além de lembrar a luta da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, data reconhecida desde 1992 pela ONU, no Brasil marca ainda história de vida de Tereza de Benguela, que no século XVIII liderou o Quilombo de Quariterê, no Vale do Guaporé, atual Mato Grosso.
A “Rainha Tereza”, como ficou conhecida em seu tempo, foi símbolo da luta ao resistir no quilombo desde a década de 30 do século XVIII até 1770, quando foi capturada e morta por soldados. Quase 250 anos depois, a vereadora Marielle Franco é assinada por milicianos no Rio de Janeiro, em uma execução ainda mais brutal que em tempos escravagistas. Já se passaram mais de 1225 dias deste horrendo crime, e ainda queremos saber quem mandou matar Marielle, e por quê!
Se “pandemia” foi a palavra de 2020, façamos o “antirracismo” ser a palavra de 2021, e dos anos seguintes, acompanhada do antifascismo, do antimachismo, do antissexismo, e da anti-homofobia. A Fenasps está na luta, desde 1984, por um mundo mais justo e humanamente diferente. Seguiremos lutando juntas e juntos até a vitória da classe trabalhadora!
Tereza de Benguela, presente! Marielle Franco, presente!
Viva a luta das mulheres negras!
