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sexta-feira, 05/03/2021

Pandemia escancara ainda mais os desafios sociais das mulheres

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Com primeiros casos sendo registrados no Brasil há um ano, em março de 2020, a pandemia de Covid-19 trouxe inúmeros desafios à população brasileira. Com mais tempo em casa devido ao isolamento social, ficou mais evidente que os afazeres do lar e os cuidados com filhos e netos sempre foram atividades preteridas e imputadas à mulheres.

Jornadas duplas e triplas são rotinas para uma mulher, mas não deveriam ser! Acúmulo de funções, e mais gravemente, a falta do apoio dos homens, principalmente dos seus próprios companheiros e familiares, são as marcas mais profundas e vergonhosas em uma sociedade machista e patriarcal, como é a brasileira, ainda mais se considerando a onda conservadora que se espraiou por aqui.

No mercado formal, o teletrabalho acabou se tornando imprescindível, e com o recrudescimento da pandemia e a intensificação de uma verdadeira necropolítica por parte do governo Bolsonaro, é sobre os ombros das mulheres que a carga se torna ainda mais pesada.

Em que pese a economia de centenas de milhões de reais (até setembro do ano passado, a economia foi de R$1 bi) por parte do governo durante este período de home office, o INSS desconsiderou os grupos de risco e convocou mulheres, mesmo com filhos com idade escolar, ao trabalho presencial. A Fenasps orientou os(as) trabalhadores(as) para que não assinasse pactos e ressaltou que a categoria não aceitará que a gestão do INSS coloque nossas vidas, das nossas famílias e as da população em risco de contaminação e morte!

Assim como na maior parte do funcionalismo público, 70% da mão de obra do setor de Saúde (o mais atingido pela pandemia) é composta por profissionais do sexo feminino, como indica um estudo da Fiocruz. Portanto, as mulheres são maioria na linha de frente contra a Covid-19, como também é no INSS.

Apesar de o horizonte pouco animador, depois das eleições de 2020 tivemos nas urnas um pequeno alento diante desta onda, que pouco a pouco está se transformando em uma marola.

Na maior cidade do país, por exemplo, a vereadora eleita com mais votos foi uma mulher trans, negra e periférica. Também mulheres negras lideraram a votação para as câmaras de Porto Alegre (RS) e de Recife (PE), com destaque também em Minas Gerais (MG), Rio de Janeiro (RJ) e além de outras capitais.

Todas elas são “filhas” de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro brutal e covardemente assassinada em 2018, uma semana depois do 8 de Março daquele ano.

Deixar florescer esta semente

Enquanto a maioria da população anseia pela vacinação – e as entidades e centrais sindicais reivindicam-na em todas as suas bandeiras – é na luta diária que, além do vírus da Covid-19, outras doenças precisarão ficar no passado, no “antigo normal”. Esta semente precisar ser regada para nascerem os frutos da luta!

No “novo normal”, machismo, sexismo, LGBTfobia são vírus, que precisam ser exterminados. Para isso, infelizmente vacina não há. Somente a luta coletiva, persistente, contundente, poderemos dizer um grande BASTA!

Por causa da pandemia, ainda não podemos estar em grande número nas ruas, ocupando os espaços, cantando palavras de ordem com nossas companheiras de luta, como foi naquele não tão distante março de 2020. Mesmo assim, podemos dizer: estamos juntas!

A Diretoria Colegiada da Fenasps, mais uma vez, como sempre vem fazendo desde 1984, se coloca lado a lado com as mulheres trabalhadoras do INSS, do Ministério da Saúde, da Secretaria de Trabalho e da Anvisa, e não nos fartamos em dizer: viva à luta das mulheres!

Sesquicentenário do nascimento de Rosa Luxemburgo

Rosa Luxemburgo, uma revolucionária e teórica marxista polonesa, naturalizada alemã, nascia no dia 5 de março de 1871, há exatos 150 anos, portanto. Tornou-se uma destacada dirigente do movimento comunista internacional. Faleceu em Berlim, em 1919. Saiba mais aqui.

Clique para ampliar (imagem: reprodução da internet)

“Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida”.

Simone de Beauvoir



Que nossos homens que lutem conosco em defesa de nossas causas!

Basta de machismo e metas abusivas e exaustivas!

Queremos jornada de 30 horas semanais e vacina para todas e todos!



Diretoria Colegiada da FENASPS

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