Chacina de Unaí completa 13 anos e mandantes, já condenados pela Justiça, ainda não foram presos
Auditores-Fiscais do Trabalho de todo o Brasil exigiram a prisão dos mandantes da Chacina de Unaí, nesta quarta-feira, 25 de janeiro, em ato público realizado em frente ao prédio sede do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), em Brasília (DF). Neste sábado, 28 de janeiro de 2017, completam-se 13 anos do assassinato dos trabalhadores, ocorrido no interior de Minas Gerais.
Os mandantes e os intermediários, apesar de condenados – somando mais de 350 anos de reclusão –, impetraram recursos contra as sentenças recebidas e aguardam a decisão em liberdade, por serem réus primários. Os mandantes continuam livres, mesmo após 13 anos da morte dos Auditores-Fiscais do Trabalho Eratóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Lage e Nelson José da Silva, e do motorista Ailton Pereira de Oliveira.
De acordo com o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), a categoria continua protestando por justiça. “Clamamos por aqueles que morreram pelo Estado brasileiro. Eles foram brutalmente assassinados há 13 anos, defendendo trabalhadores. Estamos aqui para não deixar cair no esquecimento a morte desses colegas”.
Ele relembrou que os Auditores-Fiscais foram mortos ao tentar resgatar trabalhadores de situações aviltantes. “Eles foram assassinados porque lutavam para levar dignidade aos trabalhadores”. Segundo ele, infelizmente a categoria marca mais um ano pedindo justiça e lutando contra a impunidade.
O presidente do Sinait ainda enfatizou, durante o ato público, que os mandantes da Chacina de Unaí não atacaram apenas as famílias dos colegas, eles atentaram contra o Estado brasileiro e foram contra a ordem promovida pela Constituição. “Vamos continuar lutando até que todos os envolvidos estejam presos cumprindo as penas. A luta continua e não vamos desistir até conseguir que a justiça seja feita”.
Longa batalha
A vice-presidente do Sinait reforçou a fala do presidente ao dizer que os Auditores-Fiscais do Trabalho foram mortos porque ousaram cumprir a sua missão à risca. “Eles receberam sérias denúncias de que trabalhadores estavam sendo duramente explorados”.
Ela ainda relembrou, com muita emoção, momentos do julgamento dos mandantes em Belo Horizonte (MG). “Acompanhamos o processo em Belo Horizonte e vimos o escárnio com que a vida dos nossos colegas foi tratada. A gravação dizia que os executores foram pagos para matar o Nelson, mas, quando identificaram mais fiscais na operação, os mandantes sugeriram uma liquidação e mandaram matar todos”.
Ainda segundo a vice-presidente, as provas do julgamento foram contundentes, no entanto, em razão do poder econômico dos mandantes, os recursos protelatórios parecem infinitos. “Os executores e os mandantes foram julgados e condenados porque o Sinait e os Auditores-Fiscais de todo o país estão numa longa batalha para conseguir fazer justiça. A luta não acabou e vamos continuar batalhando até que eles cumpram a pena na cadeia”.
Durante o ato, Auditores-Fiscais do Trabalho e representantes de entidades pronunciaram-se a respeito do crime e seu significado para o Estado, a Auditoria-Fiscal do Trabalho e a sociedade.
Treze mil balões pretos foram soltos em frente ao prédio do TRF1 para marcar os treze anos de luta de familiares, amigos e Auditores-Fiscais do Trabalho em busca de Justiça.
*Com informações do site do Sinait.