Maracanã de mão beijada
Consórcio com a participação do amigo Eike deverá ficar com o estádio, que já custou R$ 1 bilhão
Depois de investir R$ 1 bilhão na reforma do Maracanã, o governador Sérgio Cabral vai privatizá-lo novinho em folha. O formato da escolha da empresa beneficiada é da lavra de uma das empresas do seu dileto amigo Eike Batista. E no próximo dia 9 de maio, ele próprio, atuando também como pretendente à concessão do estádio pelos próximos 35 anos, deverá ser declarado vencedor, como integrante de um consórcio encabeçado formalmente pela construtora Odebrecht, numa licitação em que enfrentou um único concorrente.
O grupo que conta com a empresa de Eike Batista ficou mais perto de ganhar a concessão do Complexo do Maracanã pelos próximos 35 anos, nesta segunda-feira, dia 29 de abril. O Governo do Estado concluiu a segunda fase da licitação e deu a maior nota das análises das propostas econômicas e técnicas ao “Consórcio Maracanã”, formado por Odebrecht Participações e Investimentos S.A., IMX Venues e Arena S.A (de Eike) e AEG Administração de Estádios do Brasil LTDA: 98,26 pontos.
O outro grupo na disputa é o “Consórcio Complexo Esportivo e Cultural do Rio de Janeiro” – composto por Construtora OAS S.A., Stadion Amsterdam N.V. e Lagardère Unlimited -, que ganhou 94,4624 pontos da Comissão Especial de Licitação. Os resultados serão publicados terça no Diário Oficial do Rio de Janeiro.
No último dia 16 de abril, a comissão apresentou os valores das propostas dos dois consórcios. A oferta que conta com a empresa de Eike foi R$ 26,4 milhões superior à do concorrente (R$ 181,5 milhões contra R$ 155,1 milhões, ambos divididos em 33 parcelas).
No dia 9 de abril, o Ministério Público havia obtido uma liminar contra a licitação, mas o governo do Estado conseguiu derrubá-la a tempo de abrir os envelopes com as propostas.
Como foi a IMX de Eike que fez o estudo da “viabilidade da concessão”, ela aparece no consórcio com apenas 5% de participação. O construtora Odebrecht, a mesma envolvida no Itaquerão, do Coríntias, aparece como 90% do controle.
Ministério Público apontou irregularidades
Em sua petição, o Ministério Público alegou que diversas obras previstas no edital – como a demolição do parque aquático Júlio Delamare e do estádio de atletismo Célio de Barros – não são necessárias para a realização da Copa do Mundo, assim como os Jogos Olímpicos de 2016.
O MP/RJ também questionou a legalidade da participação da empresa IMX, de Eike Baptista, no processo de licitação, uma vez que foi ela a responsável pelo estudo de viabilidade da concessão. Segundo o órgão, todo o processo favorece a IMX, já que a empresa teve acesso a informações privilegiadas e exclusivas. A baixa rentabilidade do negócio para o governo do Rio de Janeiro é outro ponto abordado.
A empresa vencedora pagará R$ 7 milhões por ano ao governo do Rio de Janeiro. Os valores da concessão não irão quitar os gastos com as obras de reforma do estádio, que ficaram em torno de R$ 850 milhões. Durante a Copa das Confederações deste ano, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, o estádio será exclusivo dos organizadores dos eventos (Fifa e COI).
No ano passado, durante o lançamento do edital, as receitas e despesas do Maracanã foram estimadas pelo governo. Pelo estudo, o estádio vai gerar R$ 154 milhões por ano e terá um gasto de R$ 50 milhões. A previsão é de que os recursos investidos pelo concessionário sejam quitados em 12 anos. Com isso, o novo gestor teria lucro durante 23 anos do contrato, gerando R$ 2,5 bilhões.
*Fonte: portal Rio Urgente.